Você sabia que o cérebro faz mais esforço para evitar a dor, do que para buscar por prazer? Sim. Gastamos mais energia para evitar situações que possam nos expor ao sofrimento, do que para buscar contextos que nos tragam felicidade.
Por isso é que transformar problemas em oportunidades não é um movimento automático. Nós associamos problemas à dor. E por isso detestamos automaticamente qualquer situação que não conseguimos controlar, ou que esbarram na nossa boa imagem. Nosso instinto nos leva a fugir delas, ou a procurar amortecedores instantâneos.
A oferta de distrações para fugir desses momentos é imensa. Festas, alcool, sexo, trabalho, consumismo, tabaco, comida. Todos são amortecedores para a nossa dificuldade de encarar a dor. Colocamos o foco em outra coisa, e empurramos os problemas para debaixo do tapete.
E a parte de tirar o foco do problema é realmente muito inteligente. O erro está em para onde levamos nossa atenção.
Para crescer e ter a habilidade de usar os problemas a nosso favor, precisamos colocar o foco na solução do problema. E não em distrações.
A nossa energia vai para onde o foco está. Isso significa que, ao colocar o foco na solução, o cérebro vai usar sua inteligência para encontrar caminhos de chegar lá: na solução.
Para alguns tipos de problema, essa hábito é a grande resposta. Treinar o cérebro para focar na solução, ao invés de lamenter o problema ou fugir dele. Muitas vezes isso vai requerer uma boa dose de coragem. Muitas vezes vai nos colocar em posição vulnerável. Mas pisar fora do cerco de proteção que criamos é essencial para entrar em contato com as infinitas possibilidades que a vida oferece. “É fora da zona de conforto que a mágica acontece.”
Outros problemas, no entanto, aprensentam-se de forma que a solução não está ao nosso alcance. Parte da situação pode estar dentro do nosso controle, e essa merece o nosso foco. E parte pode estar fora do nosso alcance. Nesse caso, precisamos aprender a sentir a dor. É um grande desafio, considerando que a missão numero 1 do cérebro é fugir dela.
A vida é colorida por diferentes emoções. E todas, sem exceção, são e serão sempre passeiras. A dor é uma delas. Vem, e passa. A única forma de fazer a dor ficar é criar uma historinha para essa emoção, e repetir essa história várias vezes.
Se você se lembrar de um momento muito feliz, e incluir nesse memória cheiros, cores, falas e cenários, provavelmente vai sentir uma grande alegria, toda vez que escolher trazer esse “filme” para a mente. O contrário também acontece:
Escolha um episódio de dor, dê a ele um enredo – personagens, figurino, cenário, texto – e assista todos os dias, na sua memória. Percebe o que acontece? Você mantém a emoção viva.
O cérebro não sabe destinguir o que é apenas um filme mental, do que é real. Por isso, ao contextualizar a sua dor numa história e repetir essa história muitas vezes, é como se todos os dias você vivesse aquilo de novo. Faz sentido?
Sentir a dor não é se apegar à ela. É enfrentar a emoção e compreender que ela faz parte da vida. Entregar-se para a inconstância que permeia a nossa existência, e aceitar que nem tudo está sob controle.
Assim os problemas sempre te engrandecem. Seja pela habilidade de construir boas soluções, ou pelo desenvolvimento da equanimidade – que é a capacidade de manter o espírito tranquilo mesmo quando tudo parece estar fora do lugar.