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Carol Rache

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“Para evoluir e sair do lugar, precisamos passar pelo desconforto do novo e criar resistência aos quilos extras trazidos pelas mudanças.”

Meu ano começou de cabeça para baixo. Não que eu tivesse expectativas de que 2021 fosse ser um conto de fadas, mas confesso que não esperava turbulências tão intensas e precoces.

Já faz um tempo que aprendi que, quando a gente se propõe a crescer, a vida vai nos entregar sempre desafios que parecem maiores do que conseguimos carregar. Na verdade, o que ela quer nos mostrar é que existe alguma atualização a ser feita no nosso “eu” e que, desse novo download, nascerá nossa nova versão. E essa, por sua vez, é supercapaz de sustentar desafios que para o nosso antigo ser pareciam demasiadamente pesados.

É como treinar os músculos na musculação. Se não há estímulos novos ou aumento de cargas, o corpo acaba ficando estagnado na zona de conforto. Para crescer, é preciso mudar os gatilhos ou aumentar o peso. No início, parece que a gente não vai dar conta e que o personal trainer é malvado. Um mês depois, a resistência já deu espaço ao novo “status quo”, que começa de novo a parecer confortável. Serve para musculação, para posturas de ioga, para velocidade do treino de corrida, para as performances acadêmicas. Para evoluir e sair do lugar, precisamos passar pelo desconforto do novo e criar resistência aos quilos extras trazidos pelas mudanças.

Houve um tempo em que eu lamentava e achava que a vida estava me propondo exercícios que iriam me lesionar definitivamente. Julgava excessivo o volume de treino e paralisava, na intenção de comunicar ao universo que ele estava pegando pesado e que eu não havia dado conta. Hoje sei que o personal trainer pode até se comover diante de um aluno paralisado, mas a vida, não. Simplesmente porque ela carrega uma inteligência tão equilibrada que não nos oferece treino que nos coloque em risco. Por isso propõe de forma precisa, embora nem sempre confortável, os movimentos exatos que já estamos prontos para executar.

A questão é: temos ou não disposição para lidar com o desconforto? Temos fôlego para sentir o corpo tremer e não jogar os pesos nos próprios pés? Temos a mente estável o suficiente para conter o impulso de desistir quando o coração dispara? A sensação que tenho é que, enquanto uma parte de nós é sedenta pelo belo resultado de um corpo bem trabalhado, existe outra que nem se propõe a visitar a academia. Existe uma luta interna entre nossa luz e nossas resistências. Queremos crescer, mas não estamos dispostos a praticar os movimentos necessários para isso.

Quantas vezes tentamos nos convencer de que alguns incômodos são naturais e que podemos nos acostumar a viver com dores emocionais crônicas? De fato, é mais comum ver pessoas tendo sintomas repetidos do que se movimentando para curar a origem deles. Mas o que é comum nem sempre é normal. Não podemos nos convencer que é normal sermos reféns das nossas dores. Dois mil e vinte e um chegou me convidando a explorar alguns machucados malcicatrizados, e eu, além de topar o convite, decidi expandir a oferta para aqueles que decidiram parar de normalizar as próprias dores e explorá-las com a finalidade de cura.

Comecei na última segunda um movimento de visitar uma dor por dia, por 21 dias consecutivos. Tenho escrito trechos pequenos e significativos sobre dores que acometem a maioria de nós na minha página de Instagram, @acendasualuz, e convido quem quiser crescer a se juntar a mim nesse movimento de autoinvestigação. Afinal, o ano só vai ser novo se nós formos.