Certamente você já escutou que um pouquinho de ciúmes faz bem, porque “ciúmes é o tempero do amor”.
Será?
Ciúmes não é tempero e nem prova de amor. É apenas um sentimento que vem denunciar nossa falta de segurança no nosso valor.
Eu já fui ciumenta em outros relacionamentos, mas era outra Carol.
Uma Carol que não se conhecia, que não olhava para dentro com tanta disposição e verdade, que não investia em construir suas melhores versões e que não tinha, ainda, aprendido a se apreciar.
Quando a gente não tem convicção do nosso valor, tudo parece uma ameaça. Todas as pessoas, programas, contextos e ofícios parecem mais sedutores do que nós. Inevitavelmente o ciúmes vem.
Quem foi que inventou essa história de que ciúmes se tempera amor?
Ciúme pode ser, no máximo, a cereja de um bolo recheado de insegurança e dependência emocional.
Amor se tempera com parceria, carinho, cumplicidade e transparência.
Amor é quando a gente se gosta tanto que transborda isso para o outro.
Não é precisar dominar ou prender o outro para conter os próprios medos. O nome disso é relacionamento tóxico. Por favor, não chame de amor. Não desqualifique a energia limpa e elevada do amor.
Limites são bem-vindos em qualquer relacionamento, mas o ciúme é dispensável.
Se acontecer de sentirmos, tudo bem.
Não vale a pena abafar ou negar uma emoção.
Mas precisamos saber que ciúme denuncia que o nosso senso de autovalor não está em dia.
Podemos usar essa emoção como gatilho para investigar qual parte de nós está se sentindo ameaçada.
Podemos nos questionar se, por alguma razão, no contexto dentro do qual o ciúme surgiu, nós tivemos dificuldade em sentir segurança e autoapreciação.
Se formos honestos no exercício da auto-observação, o ciúmes nos conta muito sobre as nossas partes que ainda precisam de lapidação.
Mas se insistirmos em temperar nossos afetos com ciúmes vamos, certamente, azedar o prato.
COMO LIDAR COM O CIÚMES
- Use-o como alerta de que alguma parte de você está insegura e investigue como pode aprender a se validar e se apreciar, nesse aspecto.
- Se você tem um parceiro que gosta de provocar ciúmes em você, questione como você alimenta esse ciclo. Toda vez que participamos de um ciclo tóxico existe uma parte de nós que o alimenta. Olhe para dentro e assuma responsabilidade pelas suas distorções que contaminam a relação e avalie se quer mesmo um relacionamento tóxico que gera insegurança.
- Não cobre que a outra pessoa te deixe seguro. Segurança é construída de dentro para fora. É você quem tem que se lembrar do seu valor, e não o outro.